quarta-feira, 20 de junho de 2007

Reclamações...

Todas as crianças reclamam...a forma mais habitual de reclamarem são as famosas birras.

O Eduardo Sá, pessoa cuja figura e voz, sobretudo esta, não aprecio, mas muito gosto do conteúdo dos seus livros e ensinamentos, diz que uma criança que faça birras é uma criança que merece uma etiqueta de "criança de qualidade" ou coisa similar.

Tu como todas as crianças fazes/tens birras.

Mas poucas.

Agradeço, creio que com razão, ao Eduardo esse facto, mas claro também a mim e à mãe.

Recordo plenamente de uma das primeiras birras, se não a primeira que fizeste. Ainda não falavas sequer.

A birra surgiu ao almoço, recusavas comer, viravas a boca, emitias a tua reclamação falando o teu "bébês" e eu lembrei-me do que lera escrito pelo Eduardo. Em vez de insistir e perder a calma, em vez de me zangar, em vez de me irritar fiz o seguinte:

Virei-te para mim, para ficarmos a olhar um para o outro de frente, e disse-te qualquer coisa como, ok filho deves estar irritado com alguma coisa que o pai não entende, mas sou todo ouvidos e por isso trata de reclamar diz lá de tua justiça.

E tu falavas e falavas, ou seja, ias palrando e palrando gesticulando e eu ia dizendo que te ouvia, para continuares...a dada altura percebi que o volume palavras de "bébês" por segundo diminuira substancialmente e aí foi a minha vez.

Pedi para que me olhasses no olhos e disse-te que o pai estava ali sem compreender o que motivava a birra, mas estava disposto a ouvir-te, como o fiz, que tinha tido imenso trabalho a fazer o almoço dele e por isso não compreendia porque recusavas comer, que a tua recusa me deixava triste, porque entendia que face às refeições tomadas antes desta ele deveria estar com fome, pelo que, incompreendia a recusa. Rematei dizendo-te que agora ia retomar o dar-te a sopa e que, caso não tivesses fome não precisavas de comer, apenas não te iria dar mais nada, aceitava que não tivesses fome.

Tudo isto fui falando nos olhos, calmamente.

Resultado, abriste a boca para comer a sopa, que acabaste, comeste o que vem a seguir (denominação que usas para o 2º prato) e a fruta.

Hoje sempre que tens uma birra tento ter o mesmo tempo e calma que tive nesta primeira vez. Não raras vezes, meto-te no colo e peço para que me fales nos olhos o que motiva a birra, porque é a falar que nos entendemos, e depois de te ouvir, falo-te eu nos olhos.

Não sei se por isto se por outra coisa que nada tem a ver, tu és uma criança que raramente faz uma birra.

As reclamações já apresentas por escrito e em papel de 25 linhas, como aquela em que por sentires que temos tido menos tempo junto, reclamaste que te fosse apanhar ao colégio.

A ver vamos se é hoje que o consigo fazer.

1 comentário:

Anónimo disse...

Que sorte!! o meu Pedrinho faz sempre birra para comer!!
Abraço.Pedro