sexta-feira, 1 de junho de 2007

Dia da criança = Dia do consumismo

Vem este título à laia da conversa que tivémos ontem quando cheguei a casa... Ainda não mal tinha tirado o casaco já ouvia,

- Compraste-me prenda para o dia da criança?

- Porquê, filho? - retorqui.

- Porque sim, porque amanhã é o meu dia, é o dia da criança e as crianças ganham prendas.

- Então filho, o que é que compraste para o pai?

- Tu já não és criança, tu és um adulto.

- Verdade, mas todos os adultos também são crianças, e por exemplo, a mãe muitas vezes diz ao pai que ele está a ser criança...

Deixei-te na sala e encetei a minha fuga para o quarto, com o objectivo de mudar de roupa para irmos jantar com os avós, mas, como todas as pequenas fugas, lá fui apanhado pela conversa de novo. Agora, já dentro do carro e a caminho dos avós, re-iniciaste,

- Sabes pai, amanhã é o dia da criança e por isso vais ter de fazer-me ou comprar-me uma prenda.

- Ai é?

- É assim e não tens mais nada a fazer!!

Ora toma para não arranjares mais uma volta a dar, aqui não há volta a dar...

Esta manhã acordaste cedo, pudera, a mãe ontem disse que te oferecia a prenda quando tu acordasses...e tu, claro, acordaste cedo.

E depois fez-se luz sobre o porquê da atitude do dia anterior..., para além de um boneco (o COISA dos Fantastic 4) ainda recebeste uma t-shirt (com motivo de piratas) e um pólo (cor-de-rosa).

Naturalmente, fiquei danado com a situação.

Sempre me deu confusão a falta de bom senso e meio termo da mãe.

Não me aborrece que a mãe te dê hoje muita coisa, porque sim, aborrece-me porque entre outras coisas eu muitas vezes deixo de dar coisas porque acho ridículo o número de coisas que te são compradas... sinto que a falta de bom senso impera e isso hoje pode produzir frases engraçadas às quais achamos graça, como a que tiveste ontem, mas amanhã quando te quiserem (ou tiverem que...) dizer não, não sei como vai ser, não sei não...

Eu quando era criança também gostava de receber a prenda do dia da criança, quem não gosta, mas uma coisa é recebermos uma prenda/lembrança dos pais, outra é recebermos prendas de cada um dos membros da família porque tem que ser e não há nada a fazer...

Havia coisa a fazer sem ser comprar ou fazer...podia, por exemplo, não te dar nada e dizer que a mãe já comprou o presente mas, uma vez que a mãe, face à expressão do meu desagrado, fez questão de vincar que aquelas eram as prendas dela, eu que oferecesse a minha, hoje vou iniciar uma tradição que manterei nos anos posteriores.

Hoje, ofereço-te um livro.

E faço-o porque és criança, porque se fosses adulto e dir-te-ia que gosto de oferecer quando calha, quando me lembro, não quando tem de ser, porque o ter de ser tira toda a piada e toda a magia ao acto de oferendar.

4 comentários:

Anónimo disse...

Todos os "dias de" nao sao mais do que isso, dias de consumismo.

Mas dada a decisao de oferecer um livro, porque nao aproveitar para uma visita a feira do livro? Seria talvez uma experiencia engracada e marcaria o dia de outra forma, sem ser apenas pelo presente.

MSG

Anónimo disse...

Concordo! Acho que agora os dias de comemorações, são apenas dias de consumismo (natal, pascoa, dia do pai, dia da mãe, dia de ...)
Mas eles são crianças e nós temos que lhes fazer ver as coisas.
Abraço.Pedro

Gaivota disse...

Há uns tempos, vi um programa no 2º canal (tb só podia ser neste) que falava exactamente disto. Penso que foi por altura do Natal. E diziam que em vez de pendas, as pessoas poderiam oferecer "tempo"! Então sugeriam por ex, um vale (poderia ser manuscrito) a diz: vale um dia inteiro para jogar futebol ou outra brincadeira. Achei a ideia extraordinária, só que.....requer "tempo" :)

paibabado disse...

Concordo inteiramente com a tua visão das coisas. A minha hoje pediu uma bicicleta para os anos e eu disse-lhe qe não sabia se havia dinheiro. por muito que custe há que dizer não e fazê-los perceber que as coisas custam a ganhar. Percebo que no teu caso seja difícil competir com a mãe do filhote mas não desistas dos teus valores.