sexta-feira, 30 de maio de 2008

Hoje

Estou profissionalmente enrascado, tenho coisas que tenho de terminar hoje e o tempo urge.

Quero ver se não tenho de recorrer ao padrinho J. para te trazer do colégio, é que gostava de ser eu a apanhar-te, mas para isso tenho de acabar o que tenho em mãos.

O pai tem uma profissão tramada em alguns momentos em que se não fizer o que tem para fazer a responsabilidade é enorme, podendo prejudicar seriamente as pessoas que lhe pagam as contas ao fim do mês e isso seria o princípio do fim da minha profissão.

Espero que estejas bem, ontem não te vi e/ou falei contigo, devia tê-lo feito, passou-me inicialmente e hoje sinto-me mal com esse facto, é verdade que não foi a primeira vez que não te liguei, aliás sempre achei que ligar sempre é um pau de dois bicos, porque no dia em que me esquecesse podias sentir mais, mas não ligar também é mau, podes sentir desinteresse ou falta de lembrança do teu ser e anda a léguas disso.

O que mais me dana é que ontem pensei a meio da tarde de um dia super atarefado "Tenho de lhe ligar à noite" e depois passou-me...Bolas!

quinta-feira, 29 de maio de 2008

Ontem

Ontem acordei cedo para dar conta da rotina, 7:15.

Estava cansado, deitámo-nos tarde, apesar de tudo só devemos ter adormecido lá para a 00:00-00:30.

Antes de dormirmos disse-te, "amanhã não te esqueças que temos de nos despachar e por isso vais ter sono, mas vais ter de acordar."

Recordei-to de novo pela manhã quando os teus olhos teimavam em se manter fechados e respondias-me que não os conseguias abrir.

Depois as coisas correram bem, os olhos acabaram por abrir e o banho também ajudou a acordar.

Levei-te ao colégio e hoje o dia iria ser diferente porque para além de te levar iria também apanhar-te ao final do dia.

Apanhei-te, bem disposto no colégio, vi os teus trabalhos que orgulhosamente me mostraste, verifico com prazer que a pintura está cada vez melhor.

A R. diz que tudo vai bem, que te manténs bem disposto e que estás um brincalhão.

Fico feliz por saber que te manténs feliz.

Estás desejoso de chegar a casa para experimentar um jogo do PC que me foi oferecido num hapy-meal que há dias comi no Mc'Donald's. Enquanto vamos para casa dizes-me "Sabes pai gosto das lembranças que me dás!"

Ao jantar ajudas-me a fazer o peixe com couve lombarda que experimento fazer hoje pela primeira vez..., as coisas como toda e qualquer receita nova, que não seja inventada por mim, corre mal, penso como o meu espirito criativo corre bem, mas a reciação de outros espiritos nem por isso.

A coisa fica com melhor aspecto do que imaginava conseguir, mas quando vamos comer... eu não gosto do que fiz, tu rapas o prato que pensei que nunca comesses e dizes-me "tens de fazer este peixe outra vez..." e eu penso que é melhor não!

O resto do peixe, que dava para outra refeição, vai para o lixo, estava mau demais para mim, continuo espantado como comeste o prato inteiro...

Depois trato de arrumar as coisas enquanto vês o Shrek, um filme que dizes que há muito tempo que não vês.

Pedes-me para ir ao Parque, pedes-me o da avó A., mas esse é longe para o tempo que temos disponível e vamos ao da mãe S., perguntas-me porque é que não vamos a pé porque é próximo, mas digo-te que hoje vamos de carro para depois te ir pôr a casa dos teus avós.

Chegamos andas de baloiço, recordas que antigamente não era aquela a confiuração dos baloiços e lembraste de que no dia em que o pai e a mãe se separaram o primo P. te deu umas cartas, cartas essas que abriste o pacote a caminho daquele parque onde agora baloiçavas.

Entretanto começa a chover, tiro-te do baloiço e peço-te para olhares para o céu para sentires as gotas...dizes-me "não sinto nada..." depois começas a encaminhar-te para o escorrega, mas digo-te para irmos porque começa a chover, vens meio contrariado, depois comento contigo como é bom apanhar com gotas de chuva na cara, como um dia quero fazer uma caminhada contigo à chuva.

Dizes-me logo "Não isso não quero porque depois fico todo molhado." e depois acrescentas "sabes pai eu estava a sentir a chuva, estava só a brincar contigo".

Depois deixo-te na casa dos avós, quase no último lance de escadas agacho-me, dou-te um abraço e digo-te que gostei muito de estar contigo, de que tivesses dormido comigo e que te amo muito.

Entrego-te, saio e sinto um misto de felicidade por te sentir bem e infelicidade por te deixar.

Até sexta-feira ;)

terça-feira, 27 de maio de 2008

Algarve - primeiras mini-férias

Esta quinta-feira rumámos ao Algarve, apanhei-te nos avós maternos pelas 10:00 e rumámos a sul.

Objectivo, um empreendimento turístico no Algarve onde o pai ia ter um torneio de futebol até Sábado e tu acompanhaste-me numas mini-férias.

Chegámos cedo em relação à hora do torneio, pelo que nos deleitámos a jogar os dois.
Mais tarde, foi a minha vez de jogar, depois de 25 minutos a jogar, em que ficaste com a mãe de duas raparigas, sendo que uma tinha a tua idade, tive uma lesão na virilha que me afastou do resto do torneio e ainda hoje me impede de ir à religião! ;)

Menos mau, pensei, assim tenho mais tempo contigo!

Entretanto encontro-te e dizes-me que já estavas farto de me esperar. :) Vamos lanchar e no lanche dizes qualquer coisa à mãe das miúdas, a C., ao que ela me diz,

"Ele já me disse duas vezes que o pai e a mãe já não vivem juntos"

"Verdade, e é natural, é uma coisa recente, tem quinze dias", respondo eu.

Depois fomos ter com o meu irmão P., dono da casa onde fomos recebidos como sempre de braços abertos, o meu agradecimento a ele e à X. ficam aqui.

Entre brincarmos e jogares X-BOX 360 os teus dias passavam, mas na primeira noite mesmo coxo, levei-te a pedalar ao centro de Faro e para ires ao parque infantil.

Antes comemos um gelado do Mc'Donald's, eu de morango tu de caramelo.

No dia seguinte fomos almoçar ao centro de Faro, viste a tua pizza a ser cozinhada e comeste uma pizza sozinho, quer o P. quer a mãe dele ficaram impressionados com o teu apetite. Eu achei que somaste o apetite do jantar, que mal comeste, porque não gostas de omelete ;), com o do almoço.

Depois fomos passear, pedalaste e mais tarde andei de bicicleta nos braços enquanto o P. te levava pela mão. É bom termos amigos, melhor Amigos, eles são muito importantes nas nossas vidas, que no teu futuro encontres sempre Amigos que te saibam apoiar e fazer sentir valorizado, mas também que te apontem o dedo quando estiveres errado, porque uma verdadeira amizade não existe com meras palmadinhas nas costas. Na sexta-feira estavas contente porque sabias que no dia seguinte vinha a mãe, mas entretanto seguramente processaste que se viesse a mãe eu iria embora e disseste-me:

"Mas pai eu queria estar três dias contigo!"

"E vais estar filho, porque amanhã ainda nos vamos ver e assim estivémos juntos 5ª, 6ª e sábado, três dias!" - disse-te sorrindo.

01-05-2008 - Parque da Paz

Fomos ter com os amigos dos pais e tu com os filhos dos amigos dos pais.

Foi uma tarde em que aproveitei para estar contigo, sobretudo contigo, porque nesta altura os meus tempos contigo eram curtos.

Correste, Jogamos à bola,

Jogámos basebol


Subimos a um sobreiro

Bebeste água com os amigos,

Corremos,

Jogámos à apanhada.

Passei a tarde contigo, eu e o tio L., os únicos que vos demos entretenimento, as mães estavam de descanso, e um dos pais rapidamente se fartou e pensou ir tratar do "nós" da vida dele, um dos pais estava ausente e apenas chegou quando estávamos de saída.

Ainda assistiu à indecisão das senhoras sobre onde e que comer que foi resolvido pelo tio L. que se lembrou de irmos todos ao Mc'Donald's da Charneca da Caparica, o que em boa hora fizémos.

Recordo-me de pensar como era ter triste ter alguém que me era capaz de dizer que eu era mau pai, porque ainda que o dissesse para me magoar, a verdade é que me magoava imenso sentir a falta de reconhecimento daquilo que sempre fui para ti.

Hoje à data em que escrevo este post as coisas normalizaram, felizmente os frutos das sementes lançadas por ti estao a aparecer e parece-me existir reconhecimento do que sou para ti, bem haja!

Momentos a só - 01

No dia após a queda do mundo e depois de ter acordado sem ti pela primeira vez, o que aqui já comentei, a minha ida a Lisboa foi dolorosa, no caminho tropecei nestes dois monumentos:

Neste pensei em como seria importante não perder o rumo, mesmo perante a tempestade.Neste pensei que nem umas mãos como estas me poderiam proteger da dor de deixar o teu dia-a-dia.

Bicicleta e teste de limites


Agora tenho promovido o teu andar de bicicleta, estou numa de te tentar por a pedalar ainda este ano sem rodinhas.

Mesmo com estas rodinhas caíste numa das pequenas rampas do passeio junto ao rio, distraíste-te e trataste de embater no muro com uma inevitável queda.

Depois lá controlei o meu riso para chegar próximo de ti e acolher-te mais ferido na alma do que no corpo.

Choramingaste um pouco e depois disseste "Já passou!", montaste-te de novo e trataste de pedalar muito tempo.


Ensinei-te a serpentear as decorações verticais que por ali existem e no final do passeio testaste os limites... resolveste amuar e fazer "fita" porque não te quis comprar um gelado no café onde por vezes paramos para isso mesmo, comer um gelado, mas a proximidade da hora do jantar e o lanche já tomado antes de sair de casa motivaram um "não!"

Então decidiste que não andavas mais.

Ora bem, depois de falar contigo a postura manteve-se, ora dizias que querias ir de bicicleta, ora dizias que não, ora te levantavas, ora te sentavas na relva... e então saiu a frase de sempre num tom sério:"D. olha-me para os olhos sff, isto é simples tens duas hipóteses, ou vais a pé até ao carro ou vais de bicicleta, temos de ir embora. Se quiseres ir de bicicleta se deixares de pedalar tiro-te da bicicleta e levo-te a pé, fiz-me entender?"

Acenaste-me que sim e depois conclui "E D. aquilo que eu te disse vai acontecer, ou seja, depois de me dizeres o que queres é como te disse, nem mais, nem menos, com outras pessoas não sei, mas comigo já sabes que não há fitas e/ou birras que te valham, pode funcionar com outros com o pai não funcionava e continua a não funcionar, entendido?"

Após a resposta afirmativa lá me disseste querer ir de bicicleta, o que fizeste com um ar resoluto e a certeza de que me mantenho o mesmo, ainda que o tempo que agora temos seja menor.

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Telefonema hoje

"Sim"

"Sou eu pai. Pedi o número à mãe e estou a ligar-te."

"Oh que bom, e estás bom?"

"Sim estou. Mas estou cheio de saudades tuas."

"Eu também filho, também tenho saudades tuas!"

"Sabes pai eu qualquer dia quero dormir contigo outra vez."

"Ai é!... que bom, fico feliz por saber. E já sabes que dia queres?"

"Ah... qualquer dia,... um dia, ah... ah... pode ser terça-feira?"

"Pode sim, é já amanhã, mas pode ser sim, por mim tudo bem, será com muito prazer."

"Então fica combinado!"

"Acho que sim agora só tenho de falar com a mãe mais logo."

"Beijinhos."

"Beijos filho, e o pai ama-te muito."

Ama-te muito, muito mesmo!

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Semana (em curta) revista

O PRIMEIRO "DIA SEGUINTE"
“Pai!” - chamaste-me.
Dirigi-me ao quarto e lá estavas tu, de sorriso rasgado, bem disposto.
“Dormiste bem não foi?”
“Sim pai e sabes, quero dormir contigo mais vezes!”
“Ainda bem, isso significa que gostaste mesmo de dormir comigo, eu não te disse que ias gostar?”
Estavas de bom humor, tomámos o pequeno almoço e tratámos de ir à piscina, não sem antes protestares, como é habitual alegando que não gostas de ir à piscina.
“Sabes filho é como dormir comigo, primeiro protestas, dizes que não gostas e depois gostas...” - mas isto não te convenceu e lá demorámos mais do que o desejado para te preparar.
Foste à piscina e para não variar saíste de lá a dizer que gostavas muito de ir à piscina.
Fomos ao parque e tratei de rumar a casa para fazer o almoço, não sem antes mandar um sms à avó materna a dizer que dormiras bem e estavas bem.
Depois fiz bacalhau cozido com batata, ovo, cenoura e couves de bruxelas. Temperámos com azeite e vinagre e o resultado foi,
“Está mesmo bom este peixe com os legumes! Eu gosto mesmo de legumes...”
Depois tratei de brincar um pouco mais e depois fui entregar-te à hora acordada, 16:00 horas.
Levo-te até ao 3º andar dos avós e da pequena troca de palavras percebo parte do stress de ontem, a avó perante o meu “correu tudo bem” diz:
“Pois e se não corresse o D. sabe que não é obrigado a dormir com o pai, só dorme se quiser e se não quiser o pai trá-lo aos avós.”
Não digo mais nenhuma palavra, calo-me apenas digo, Adeus e de ti despeço-me como sempre, um abraço um beijo e um “o pai ama-te muito”.
Saí e enquanto desço as escadas penso como foi idiota aquela mensagem que te transmitiram e como ela te condicionou em parte ontem. Fico feliz porque tudo correu bem, mas estou fulo com a frase da avó, vou respirando escada abaixo enquanto penso que o bom senso daquelas palavras é atroz, ou a falta dele.
Enfim filho, o mais importante aconteceu, dormiste e adoraste, a semente estava lançada.

DOMINGO - Promessas
Sábado ainda, ligo à avó A., a minha mãe e peço para dizer à tua mãe que te prometi levar ao último jogo do Sporting, e portanto se te podia levar.
A resposta é que sim, o jogo é às 20:15, a mãe diz que te entrega ao teu padrinho J., meu irmão, às 19:00 horas, penso, “porreiro, com o que eu conheço da S. chega às 19:30 ou mais”.
O padrinho recebe um SMS a dizer que a mãe só chega contigo às 20:00 horas, pensei, “Já está, não vamos entrar a horas...”
Chegas às 20:25 horas, o jogo já começou, recebo-te com imenso sorriso e ao mesmo tempo dizes-me “Pai posso dormir contigo???”
“Claro filho, podes dormir com o pai sempre que te apetecer, fico feliz porque o queiras!”
O padrinho indica-me que poderás dormir comigo basta depois passar por casa dos avós maternos, onde vives agora, para levar a roupa.
Entretanto dizes-me que foste ver GABRIEL O PENSADOR, dizes tu que foste a Braga, fico feliz por ti, desde bébé que gostas e desde aí que estávamos a tentar ir ver um concerto dele.
Parabéns, percebo que estiveste na primeira fila do concerto, até trazes uma palheta que te foi oferecida pelo guitarrista, dizes-me também que viste Jorge Palma, mas que quase não percebeste nada porque ele estava bêbedo... :) “Costuma estar sim senhora”, digo-te eu.
O Jogo termina e vamos apanhar roupa para o dia de colégio.
Vamos para casa e tratamos de fazer a rotina, ouvimos GABRIEL O PENSADOR, o DVD do show da MTV, que comprei há muito e vais-me contando promenores do concerto.
Deitamo-nos e embalamos depois de duas estórias para a noite de sono.
SEGUNDA-FEIRA
Acordas doente, a noite passou com o teu sono agitado, o passar de mão na cabeça dá-me ideia de estares a ficar doente... o acordar confirmou-o. Não vais para o colégio, entrego-te em casa do avô J., a mãe está também nas escadas à tua espera, digo “Bom dia!”, explico que dormiste bem, mas com sono agitado e acordaste com um pouco de febre. Entrego-te a ti e aos medicamentos que ainda estavam lá em casa. Mais tarde confirma-se que são novamente as anginas. Ligo para saber de ti e atende a mãe, dou-lhe as boas tardes e pergunto por ti, oiço que estás com febre alta e apático. Não é surpresa, surpresa foi o “temos de falar!”, “ok!”, combinamos para o dia seguinte, à tarde.
TERÇA-FEIRA
Ligo para saber de ti, o avô diz que estás bem, mas porque remédio está a fazer efeito, quando deixa de fazer diz-me que ficas apático e mole.
Penso o usual, menos mau!
De tarde encontro-me com a mãe e a conversa descamba, levo com o ódio que ela tem de mim, levo com juras de infelicidade, levo com punhos, sobram-me as feridas exteriores, mas preocupa-me mais ver o descontrolo da mãe, dói-me verdadeiramente vê-la sofrer, nunca o quis, longe, muito longe disso... penso como catorze anos de relação se esfumam na irrazoabilidade da dor e do ódio.
QUARTA-FEIRA
Abre-se um canal de comunicação, o e-mail. Aleluia!
Hoje diz-me que te vai deixar comigo, dá-me uma lista de coisas a resolver, respondo, peço para que pernoites comigo, como aliás me propusera enquanto conversávamos sobre a regulação da tua responsabilidade parental antes da separação. Responde-me que não e que nunca falou nisso.
Fico parvo... nunca falou... agora é o diz que disse ou o inverso, enfim... pergunto como vai ser da discussão da tua regulação de poder paternal, ou como eu prefiro, responsabilidade parental.
Resposta, “Em breve terás notícias.” ???
Fico parvo a olhar para a resposta sem perceber.
Tens um sarau de ginástica no colégio e eu e a mãe estamos pela primeira vez juntos depois da separação para um evento em que tu participas. Portaste-te lindamente e estás radiante.
Ficas comigo e vamos jantar com os avós.
Depois vamos para casa dos avós maternos e lá chegados perguntas pelo IRONMAN que te ofereci dos “happy-meal” do BurgerKing. Verificamos que te esqueceste dele e choras imenso, pedes-me para te apanhar o boneco e para deixá-lo lá. Digo-te que não o posso fazer, mas acordo contigo que no dia seguinte vou ao colégio deixar-te o boneco e assim até te dou um beijinho... acalmas, despeço-me de ti.
QUINTA-FEIRA
10:00 horas passo no colégio, não estás ainda, já lá devias estar à trinta minutos, mas como não estás deixo o boneco, peço para que te digam que estive mas não poude dar-te o beijo porque não estavas. Entretanto um almoço com uma amiga e colega de profissão dura até perto das 16:00 horas, não consigo ir ter contigo à hora de almoço e não vou àquela hora para não estar a interferir no espaço da mãe.
Recebo uma chamada da avó A. a pedir para ligar com urgência, ligo e informa-me que tu começaste a chorar mal a mãe chegou ao colégio porque te prometera um beijo e não te o dera.
A avó pergunta-me onde é que a mãe te pode deixar e eu digo no meu escritório, onde és deixado pela mãe que transmite um seco “venho apanhá-lo dentro de 30 mts” e se vira para ir embora.
Quando te vem apanhar peço para falar com ela e ela diz não querer falar, que é uma conversa de adultos, respondo que há de facto conversas de adultos que tu estás a ouvir, mas que esta nem a considero, explico-lhe o que aconteceu para que a mãe não fizesse nenhuma longa-metragem com os pequenos factos que motivaram o teu stress, sou brindado com um “é a segunda vez que estás a interferir nos meus tempos com o D., já o fizeste Domingo, hoje outra vez” brinda-me com mais umas palavras secas e duras, que oiço procurando pensá-las dentro de mim, tu vais mudando os videos do Youtube e eu vou tratando de não promover mais conversa, as coisas só podem piorar e se não era antes que me vias discutir, não será agora.
De noite em casa trato de convidar o L. a L. e a C. para jantarem connosco sexta-feira.
Faço soupa, feijão verde com cenoura; pastéis de bacalhau. Deito-me pelas 1:00 horas.
SEXTA-FEIRA e SÁBADO
Apanho-te no colégio, estás bem disposto, ficas a brincar enquanto eu vou falar com a Rita e vejo os teus trabalhos.
Depois apanho-te, vamos às compras ao hiper-mercado e depois tratamos de ir para casa.
Ao entrares em casa dizes,
“Já tinha saudades da minha casa!”
Tratamos de por a mesa, eu de fazer o arroz de feijão, jantamos com amigos e tratamos de depois ir ao parque da avó A. com eles.
Estás divertido e eu sinto-me bem por te poder partilhar com um casal amigo, no fundo terei pouco tempo contigo e tentarei ter tempo contigo a sós e outros em que nos partilharemos com os que eram habituais nos nossos dias comuns ou de fim-de-semana.
Não revelas qualquer stress por ires dormir comigo, pelo contrário, estás muito contente por estarmos juntos, eu também. A rotina do dormir corre cinco estrelas, tosta especial, sumo de manga, lavar dentes, xixi, duas estórias, dormir...
E dormes bem, até à altura em que te acordei para mais um dia de piscina, pelas 9:30horas.Vamos à piscina desta vez nem refilas um pouco apenas me dizes, “Sabes pai gosto muito da minha professora da piscina”.
Os avós paternos vão ver-te, este fim-de-semana não rumaram ao Alentejo, facto que motiva que almocemos com eles, salmão grelhado, batata e salada.

Pernoitar ou não pernoitar, eis a questão!

Hoje (10 de Maio) competia-me apanhar-te no colégio, para depois ficares comigo até sábado, pelas 16:00 horas, era a primeira pernoita.

Acordei cedo, despertador para as 7:00 horas, deitei-me perto das 3:00 horas, o P. do Algarve veio cá e ficou comigo.

Bem vistas as coisas, esta semana deitei-me sempre tarde e acordei sempre cedo, e agora, que escrevo isto, penso que há diversos meses que durmo pouco. A razão deve ser simples, há muito tempo que decidi tomar as rédeas da vida e vivê-la, por isso, apesar dos momentos maus encontrei no gosto de viver e no gosto de viver melhor o meu carburante.

Acordei cedo para fazer sopa para nós, fiz uma que sabia que gostavas, naturalmente. Fiz sopa do Popeye, o mesmo é dizer sopa de espinafres.

De tarde fui apanhar-te ao colégio pelas 17:15 horas, chegado verifiquei que vocês se preparavam para ir para a rua e tu, depois de me receberes de sorriso e braços abertos, disseste-me que querias ir brincar, “claro filho, vai”, respondi-te.

Fiquei a falar com a R. que manifestou estar tudo bem, que tens estado muito bem, perfeitamente normal, fiquei contente por isso.

Depois de brincares um bom bocado começou a chover, foi a vossa debandada para dentro da sala, aproveitei e disse-te que íamos, dei-te o plano das festividades, irmos à biblioteca apanhar, filme e livros para depois lermos à noite.

Na biblioteca fizemos essas escolhas e jogaste PS2 ao “Ratchet e Clank 3” que adoraste.

Chegados a casa verifico que, por falta de ingrediente (salmão), não conseguia fazer aquilo que me pediste, “o peixinho com molhinho e arroz”, a minha invenção/receita que faz sucesso há já muitos meses.

Em substituição fiz uma massada de tamboril, com camarão e delícias, e estava deliciosa, a fruta de serviço foi “morangos com molhinho”.

Depois de lavares os dentes descobriste umas cartas do Yoco com jogos de memória com os temas de “animais”, “países”, “profissões” e “frutas”. Jogámos os três primeiros, o último já não jogámos, quando o íamos iniciar deixaste cair a bomba:

“Pai não quero dormir contigo, quero dormir com a mãe!” – perante o meu olhar e inacção – “eu gosto mais de dormir com a mãe!”.

“Já estás com sono filho?”

“Não, eu quero é dormir com a mãe, quero ir para a mãe!”

“Então vamos falar…” – e agarrei-te para te levar até ao sofá onde me sentei e te pus no meu colo para termos uma das nossas conversas de olhos-nos-olhos.

Perguntei-te porque é que não querias dormir comigo, porque é que não gostavas de dormir comigo, chamei-te a atenção para exemplos de dias em que dormiste comigo, quando a mãe esteve no curso, quando fomos os dois ao Alentejo e chegámos lá e estava mais frio do que dentro de um frigorífico. Mas tu, chorando a maior parte das vezes, respondias-me que “não quero dizer” ou então “quero dormir com a mãe”.

Eu sentia-me pequeno, de coração apertado, sem saber muito bem o que fazer e com dois pensamentos na mente, primeiro, que a mãe ao dormir contigo e ao não tentar, há muito tempo, desabituar-te de tal facto era responsável pela situação; segundo, sentia que hoje seria como a estória das birras, se a primeira tem como resultado a criança conseguir o que quer temos aí a fonte inesgotável de futuras birras, para mim deixar-te não dormir comigo hoje significava abrir um precedente que, provavelmente, te levaria a recusar, no futuro e durante muito tempo, as pernoitas comigo.

Choras várias vezes enquanto dizes não querer dormir comigo, dói-me a alma, abraço-te, acolhe-te, tento acalmar-te, mas eu próprio não estou calmo, estou ansioso. Estou a ficar sem perguntas, sem ideias, sinto-me a deixar de conseguir dar volta à situação.

Dizes sem chorar e sem fita, sabes que uma fita é tudo para já não alcançares o que queres, pelo menos comigo, baixinho e num tom suplicante: “Pai leva-me a casa dos avós por favor” – o meu coração estava pequeno, mas partiu-se nestes momentos, eu não era um homem de 31 anos a olhar para uma criança, EU ERA A CRIANÇA a suplicar com os olhos que aceitasses dormir comigo.

Sem soluções pensava que não te queria obrigar ou não queria fazer chantagem emocional contigo, mas tinha de dar volta à coisa, tinha que no mínimo mostrar como eu tinha imaginado fazer as coisas, no fundo dar-te uma ideia do que iria ser dormir comigo, isto ocorre-me em breves nanossegundos de pensamento, e enchi-me num sorriso e disse-te: “Bom fomos buscar um livro à biblioteca para ler, eu tinha ali um amigo novo que comprei para nos dar luz à noite, para quando dormisse comigo, queres conhecê-lo?”

Com um certo ar de espanto e outro tanto de curiosidade dizes-me que sim e vamos em busca do boneco que comprei no IKEA, verdade se diga há mais de um ano atrás.

Enquanto o tento procurar, porque não sabia onde estava, vejo que estás divertido com a minha busca, quando finalmente o encontro dou-to para as tuas mãos.

Tu gostas e digo-te, vamos ligá-lo, tens de fazer como se fazem com os supositórios, tens de pôr-lhe isto no rabo com cuidado, digo segurando o fio de alimentação do boneco.

Vamos para ligá-lo ao teu quarto e dizes, “Pai, posso levar para a mãe?”, respondo-te, “Não filho, muitas coisas podes levar para a casa da mãe, mas há coisas que não podes, este boneco é uma delas. Eu comprei-o para nós, para quando dormisses comigo.”

Chegamos ao quarto, ligamo-lo e achas giro, depois nem sei se trocámos mais alguma palavra se não, não me recordo, mas dizes:

“Afinal pai, quero dormir contigo!” – sinto-me ser salvo de morrer no afogamento da angústia emocional em que me sentia há momentos, verdade que desde que me enchera num sorriso pensara, “se tiver de ser será, se tiver de o levar levo”, mas, felizmente, não vou ter de te levar!Logo de seguida perguntas-me:

“Pai, podes fazer aquelas coisas assim fofinhas com açúcar e canela?”

“Fatias d’ovo?!?” – perante o teu hum-hum continuo – “posso filho, não tenho pão daquele que faz umas fatias d’ovo especiais, mas posso”.

“E para comer antes de deitar podes fazer-me uma daquelas tostas como a mãe faz com tudo?”

“Com queijo fiambre e banana?”

“Sim”

“Claro que sim”

Entretanto os teus olhos param num lego da Star Wars novo, que veio contigo do colégio, perguntas-me se podes montá-lo, digo-te que sim e vamos para a sala fazê-lo, melhor vais tu fazê-lo eu limito-me a supervisionar a coisa.

Montas o lego e tratamos de iniciar a rotina da dormida que corre super bem e divertida, comes (elogiando-me a tosta), lavas os dentes, ouves a estória “A Atlântida – o continente perdido”.

Dormes.

Acordo com o teu sono agitado, bem sabia que era uma pedra a dormir porque havia uma mãe sempre atenta e com sono leve, calculei que estivesse atento ao teu dormir.

Noto que procuras com os pés o meu corpo.

Vejo que estás com o sono irrequieto, olho as horas (3:48), passo-te a mão na cabeça, acarinho-te, sinto em mim um amor imenso, uma calma imensa e não sei se por isso se por outra razão qualquer, sinto-te a embalar e a sossegar o sono.

Desde então, e até agora, são 8:52 horas, estás a dormir, tenho umas fatias d’ovo para fazer, mas antes largo esta recordação da primeira noite comigo depois do pai e da mãe se terem separado.

Hoje será um grande dia!!!

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Inventar

Pedes-me um danoninho do frigorífico, entrego-te em mãos com uma colher para comeres e depois de provares um pouco dizes:

"Pai, não sabe bem..."

Eu procuro a prata do iogurte e verifico a data de validade e respondo-te:

"Mas o iogurte está dentro do prazo de validade por isso está bom!"

"O que é o prazo de validade?"

"Todas as coisas que compramos têm um prazo de validade dentro do qual têm de ser consumidas e se passar essa data temos de as deitar fora porque já não podem ser comidas, mas o teu danoninho tem prazo até 25/05 e hoje só vamos a 16/05, portanto está bom."

Recomeças a comer o iogurte e quando estás quase a terminar dizes-me:

"Quando for grande vou fazer um iogurte que dure pro resto da vida!"

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Conversa

Procuro a mãe do P., G. e M. a ex-mulher de um primo meu que face à separação se vê com três filhos no dia-a-dia, falo-lhe da nossa situação e oiço palavras que, apesar de já as ter lido algures, me reconfortam o coração por serem de alguém que as vive.

Fala-me de uma impressionante capacidade de adaptação dos filhos, fala-me também que hoje apesar de reconhecer que era capaz de viver o resto da vida como estava, parêntesis, eu não era capaz de viver como estava o resto da vida filho, sente que está melhor assim, no fundo sente-se viva.

Sinto-me vivo e cheio de amor para te dar!

Jantar

Ontem jantámos juntos.

Quando cheguei a casa da avó A. recebeste-me de largo sorriso nos lábios depois de me pregares um susto, com a colaboração do padrinho J., um verdadeiro susto porque desta vez não o fingi. :)

Depois brincámos na rua até o jantar estar pronto.

As quartas-feiras eram os dias em que íamos jantar aos avós paternos.

Ontem, foi diferente estar ali sem a mãe, dizer que eu não notei a diferença era ser hipócrita, mas a falta física dela fez-me apenas sentir aquilo que no fundo já esperava, e espero ir sentindo, que é a tristeza por se ter quebrado a familia tradicional, aquela que eu idealizei, aquela que eu mesmo quis, aquela que sustentei durante muitos meses, aquele porque lutei contra o que sentia ou intuia dever fazer, aquela que me consumia a energia e por vezes a felicidade.

Durante o jantar fizemos um brinde à saúde de todos. Depois à tua saúde. Depois à saúde já não me lembro do quê e depois houve outro que eu já não brindei porque era uma repetição e eu já não tinha liquido no copo e depois perguntaste:

"Pai, tu ainda gostas da mãe como amigo?"

"Sim filho, o pai gostava de um dia ser amigo da mãe, porque o pai não está zangado com ela!"

"Vocês já não gostam da minha mãe?" - perguntas para o geral e olhando para os avós.

"Não, nós gostamos da tua mãe, ninguém deixou de gostar dela." - diz-te o meu pai, o que a minha mãe reafirma.

"Então vamos fazer um brinde à mãe?" - dizes olhando para os avós

Como estava de copo vazio digo,

"Isso merece um brinde, mãe dá-me o sumo sff!"

Encho o copo e brindamos à saúde da mãe contigo a esboçar um largo sorriso.

Saímos de casa, comigo a olhar o relógio, com a missão de irmos dar os parabéns namorada do padrinho J., fazemo-lo e vamos a casa porque me pediste para ir buscar brinquedos para levar para casa dos avós.

Entramos em casa, troco de roupa enquanto escolhes o que queres, reparo quando chego próximo de ti que várias caixas já foram para a casa dos avós, o que é natural por duas razões, primeiro porque precisas de ter brnquedos contigo, claro, segunda, não reparei porque desde que estou sozinho só entro no teu quarto para tratar da tua roupa, custa-me sentir a tua ausência.

Quando entras no carro e eu te coloco o cinto dizes-me:

"Sabes pai" olho-te os olhos "o dia em que aconteceu aquilo foi o dia mais triste da minha vida!"

O meu coração estilhaça-se no chão em pedacinhos minúsculos,

"Eu sei filho, eu sei... Mas" olho-te na alma "quero que saibas filho que na vida como há luz e escuro, como há noite e dia, há tristeza e felicidade. Eu sei que foi um dia muito triste, foi para toda a gente..., se aceitares que há dias que são tristes, vais ver que há muitos que serão felizes."

Depois vamos pelo caminho para casa dos avós maternos onde agora vives, levas contigo o ringue de wrestling e os dois lutadores que te ofereci nos anos, penso se foi ao acaso que os escolheste, por apenas gostares deles, ou porque quiseste "levar-me" contigo para casa dos avós.

Deixo-te com os avós, sorriu-te, coloco-te ao meu colo, beijo-te a face e digo-te ao ouvido "amo-te muito filho, não te esqueças".

Fico contente por não ter chorado quando te deixei, mas não o evito agora que te escrevo...

Pombo-correio

Agora é a função da minha mãe.

É ela o elo de ligação entre mim e a tua mãe.

É por ela que recebo as boas novas de quando vou estar contigo, de quando a mãe considera que é altura.

Desgosta-me que a minha mãe esteja metida no meio disto, mas por ora terá de ser assim face à mágoa da mãe...

Espero que esta situação não se perpetue no tempo durante muito tempo porque eu e a mãe vamos ter de falar por ti!

Surpreendido

Estou agradavelmente surpreendido com a postura da mãe.

Quando eu falava com ela antes de nos separarmos sobre a questão, quando ainda estávamos juntos e tinha actos tão tristes como impedir-me de te dar banho, ou ocupar todos os espaços que te levaram ao ponto de recusares o simples acto de te despir e vestir pijama, face a tudo aquilo que temia, agora que tem razões para estar zangada, magoada comigo age com consideração à tua relação comigo.

Apesar de saber que o faz apenas por ti, fá-lo, a única coisa importante.

Apesar de ter sido tudo repentino, um choque para todos, uma coisa abrupta, tudo como eu quis evitar, talvez isso tenha permitido que o sonoridade da explosão tenha lembrado a mãe, e as pessoas que a rodeiam também lho dizem, que o que importa é salvaguardar-te a ti e às tuas relações de afecto com os dois progenitores, as duas familias.

terça-feira, 6 de maio de 2008

Hoje - tarde

Fui ao colégio falar com a tua Educadora, fui porque calculava que a mãe não fizesse algo que considerava de bom senso, que era combinar para irmos os dois.

Agora está magoada, vamos ver se a razão, agora razoável, não perdura muito tempo e passa a ser muleta para não me considerar em coisas que te dizem respeito, logo a meu entender para ser acompanhadas a dois.

Hoje - manhã

Acordar e não estares em casa, não haver quem acordar, quem dizer "bom dia", quem sentar em frente à TV a acordar, quem dar o pequeno almoço, quem acompanhar ao chi-chi, quem lavar os dentes, quem despir, quem vestir, quem abraçar, quem beijar, quem acariciar, quem pentear, quem nos diga adeus, quem sorria, quem se veja sair sabendo que logo, logo vê-mo-nos.

Como eu não posso, ninguém tem o meu nome e a minha cara, não posso, face às coisas agendadas, deixar de trabalhar.

Hoje de manhã fui a Lisboa, a dor que já esperava apareceu forte. O tempo estava nublado, mas as únicas gotas de chuva que sairam foram as dos meus olhos.

E houve alturas em que quase pensei que não me conteria e passaria a chorar compulsivamente, acho que ainda vou ter muito para chorar...

Ontem - 2008.05.05

Ficará gravada na minha memória a conversa mais emotiva que tive na minha vida até hoje, foi contigo, foi sobre a separação dos teus pais, foi uma conversa cheia de perguntas, de olhos-nos-olhos, de risos, de choro, de ranho, de baba, de emoçao, de frontalidade, resultado:

Uma união emocional sem precedentes, que possivelmente não se repetirá.

Ficaste sem perguntas e as respostas foram simples, mesmo para as perguntas dificeis como:

"Porque é que já não gostas da mãe?"

"Porque é que gostas de outra mulher?"

"Porque é que tu e a mãe já não namoram?"

Ficaste com a certeza de que eu te amarei para sempre, que tudo farei para estar o mais tempo possivel contigo, que agora eu tenho uma familia, ela tem a minha pessoa e tu, um dia nesta familia passarás a pernoitar comigo, espero que em breve, espero que mais vezes do que a mãe desejava antes mesmo de ficar magoada por saber que o pai agora gosta de outra mulher.

Espero que a indefinição que agora existe e me afastou hoje de ti desapareça o mais breve possivel, por mim, mas também e sobretudo por ti, para que possas sentir aquilo que expressei, que o pai continuará a estar cá por ti, sempre!

sábado, 3 de maio de 2008

Encontros com amigas




De quando em vez vamos a um centro comercial e por vezes encontramos os teus amigos do colégio com os respectivos pais.
No carro estás com a tua namorada ou ex-namorada, já não sei porque tu imitas os pais em muitas coisas até nessa coisa de namorar, deixar de namorar, a A. no dia 18.04.
Na casinha, em que já fazes o que eu via os outros fazer, subir ao telhado, com a M., esta sim ex-namorada, no dia 19.04.
Tenho pena que a mãe não consiga ser assim como tu com as ex-namoradas, a ver se ela aprende alguma coisa contigo. :)

17.04.2008 - PEDIATRA



Foste ao pediatra.

Tudo estava bem, já deixei post aqui sobre tal, agora só dois registos fotográficos que tirei propositadamente para por aqui.

Caminho certo

Em 27.04 tratei de te levar a caminhar, depois deixo aqui o registo mais tarde, e ensinei-te alguns dos sinais que se usam no pedestrianismo, este é o sinal de que estamos no caminho certo, indica que devemos continuar a caminhar naquela direcção.

Hoje, apesar de saber que será um caminho diferente, mais tortuoso, que provocará mais dor, mais sofrimento, sinto e intuo que estou a tomar o caminho certo e isso é tudo para a minha certeza de que o futuro nos brindará, porque filho nunca esquecer "a sorte protege os audazes".

Casa vazia

Sabia que ia ser assim, ontem.

Na quinta-feira depois de uma tarde de grande actividade entre nós no seio dos amigos comuns do pai e da mãe, a mãe informou-me que ia levar-te para o Alentejo ontem e hoje.

Inicialmente disse-me que iria ao Alentejo hoje, quando eu tenho um compromisso que me roubará o dia todo, vou para a terra dos Pedros, SNA, a Braga.

Depois, quinta-feira, a mãe disse-me que iria ser diferente, perguntei-lhe quando é que o decidira, disse-me que tinha sido durante a tarde. Ok, nada que também não esperasse!

Ontem tive de trabalhar, saí de manhã e despedi-me de ti enquanto estavas a dormir, dei-te um beijo e susurrei-te ao ouvido "O pai ama-te muito!".

Faço isto muitas vezes, aliás, faço-o sempre que chego a casa e dormes ou sai-o de casa e dormes, a não ser que a mãe esteja deitada contigo o que, infelizmente, acontece todas as noites e algumas vezes de manhã.

Deixei-te ali e fui trabalhar, quando retornei do meu compromisso de Almada passei para o meu escritório e vi que ainda estavas em casa, nem hesitei, parei e fui dizer-te olá.

Recebeste-me com um sorriso imenso, o mesmo que sinto dentro de mim quando agora escrevo estas linhas, e um grande entusiasmo por ires passar tempo com o primo A. do Alentejo.

Tu recebes-me com grande euforia eu manifesto o meu contentamento por ainda te ver, desejo-te boa viagem e tu estás de sorriso imenso na cara, excitação de quem vai para coisas que gosta, ao teu lado uma cara fechada, que nem respondeu ao meu "bom dia!".

Aproveito que a mãe se afasta de nós e pouco e sigo-a para perguntar-lhe se sempre vêm Sábado. Responde-me que vêm ou Sábado ou Domingo, não sabe, ainda não pensou bem, depois logo se vê!

E eu respiro fundo por dentro, porque nem isso exteriorizei, e pensei como é injusto este poder de se ser mãe, de se fazer o que lhe dá na real gana, podia ao menos dizer quando regressa contigo.

Se fosse ao contrário, bom ao contrário não haveria porque eu seria incapaz de não dizer quando viria mas, se lhe fizesse o mesmo seguramente que ela detestaria.

Verificado que pouco mais retirarei dali, deixo-a e volto a ti a quem desejo um óptimo fim-de-semana e uma boa viagem. Abraço-te, beijo-te e despeço-me de ti com um sorriso rasgado tal como o teu. Desejo boa viagem à mãe e envio cumprimentos aos familiares dela, fico sem resposta.

Vou para o escritório onde trabalhei a tarde toda, depois chega a hora de regressar a casa, acordei ir jantar com uma amiga a Lisboa, vou levar-lhe um presente atrasado respeitante ao aniversário dela.

Chegado a casa a mesma está vazia, claro.

Falta o teu som, o teu sorriso, o teu correr para os meus braços, ou o teu olhar sorridente sem sair do sofá, ou a tua indiferença porque estás a jogar, ou a tua exteriorização de felicidade porque conseguiste superar um novo nível no jogo.

Faltas tu!

Apenas tu!

Sabia que ia ser assim, e este será o meu futuro próximo, e como eu desejo encerrar este ciclo, o meu futuro será este muitas vezes, chegar e encontrar o vazio, o silêncio.

Trato de ir fechar as pressianas das janelas uma a uma, quando vou fechar a do teu quarto a minha mão instintivamente passa pela tua almofada, muito ao de leve e acompanha o meu movimento... só reparo no gesto quando o mesmo está quase a terminar, quando a mão está a abandonar a almofada...

Fico a pensar nesse facto!

Mas, este silêncio não é o que habitualmente encontro quando chego e tu dormes e eu me encaminho ao teu quarto para te acarinhar, não! Este silêncio é mais profundo, exteriormente é o mesmo, mas este silêncio que oiço é um silêncio na alma...

Ontem a casa estava vazia, um dia a nossa casa vai estar muitas vezes vazia, mas filho sei que haverá dias em que conseguiremos encher a casa com a nossa felicidade e com o nosso amor.