segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Lá se desembrulhou o presente

O presente de natal, a tosse, lá deu em qualquer coisa visível e atacável (lê medicável).

Sábado de manhã, depois de três noites de febre em crescendo, fomos ter com o Dr.LJ para te ver.

Folguei em ver-te mais independente, tirei-te a roupa do tronco e fiquei sentado deixando-te ir ter com o médico. Estiveste sempre só enquanto eras examinado. Bom, eu estava a 1/2 metros de ti, mas apesar de estar contigo, não estava ali em cima de ti, ao teu lado, fiquei sentado a olhar-te.

Por instantes pensei se sou eu que sou muito desprendido ou é a mãe que é presa de mais, porque habitualmente ela ladeia-te sempre, ainda que o exame seja uma mera oscultação.

Não sei... sei que fiquei feliz de te ver ir só e depois enquanto estavas sentado mostrares uma cara de orgulho, de rapaz crescido a ser visto pelo médico.

"Respiração, ok.

Ouvidos, ok.

Abre a boca e faz AH!... ora aí está, angina esquerda inflamada. Estás com anginas."

Exame concluído, vestir roupa e perguntei-te:

"Queres sentar-te ao meu colo ou aqui (apontando para a cadeira ao meu lado?"

"Aqui" - disseste enquanto te dirigias para a cadeira.

Lá ouvimos o que fazer, antibiótico de 12 em 12 h.

Domingo de manhã já não havia febre e voltavas a ter algum apetite.

Antes de saires do consultório viraste-te para o pediatra e disseste-lhe:

"Gosto muito de ti!"

Ele ficou desarmado, mas segundos depois lá reagiu com um sorriso e um, "Também gosto muito de ti."

E saíste confiante.

Há dias, quarta-feira, quiseste dizer-lhe isso mesmo, mas disseste-o tão baixo que ele não ouviu, foi como se não o dissesses. Na altura disse-te que devemos expressar os nossos sentimentos às pessoas porque elas gostam, tal como nós, de saber que há quem as preze. Mas da outra vez a voz sumiu-se...

Desta vez não me disseste nada, executaste... e eu fiquei contente por isso, por teres exteriorizado um sentimento dirigido a terceiros.

3 comentários:

Anónimo disse...

Duas licoes importantes, a autonomia e a capacidade de expressar sentimentos. Que nunca sejam esquecidas. Porque sao essenciais a vida toda.

Gaivota disse...

Ok. Mas bem lá no fundo e com toda a honestidade, não sentiste um remoinho no estômago? As melhoras

Rodrez disse...

Por?

Por estar bem sozinho, autónomo?

Se é por isso confesso que é sem remoinho...

O remoinho é pela dúvida que sinto em se este é o caminho ou se o caminho é mais aquele que é seguido pela mãe.

Isso sim deixa-me um remoinho.

Gosto de imaginar que..., que o amor não é prisão, não é dependência, aliás creio que o verdadeiro amor nos deixa livres.

A questão será que essa liberdade leva-nos muitas vezes a querer estar com quem amamos.

Será que é assim?

Não sei, mas todos os dias amo o meu filho e faço para que ele o sinta, incondicionalmente.