quarta-feira, 26 de março de 2008

22.03.2008

LEALDADES

A mãe já te dera a sentença,

"Tens de tomar banho, vou só escolher a tua roupa e vou-te dar banho!" - ouvi eu a conversa que estavas a ter com a mãe no teu quarto.

Vieste direito a mim e em voz quase sumida balbuciaste:

"Quero que sejas tu..." - ao que respondi como se não te tivesse entendido,

"O quê D.?"

A mãe entretanto chamou-te, impedindo-te de repetir as palavras, e lá foste escolher a roupa com ela.

Entretanto passado um pouco perguntei-te:

"O que querias D.?"

Lá vieste com o mesmo ar de quem tem algo de muito pesado para dizer. Depois, baixei-me para estar ao teu nível e encheste-te de coragem para dizer baixinho, quase ao ouvido

"Pai, quero que sejas tu a dar-me banho, pentear, por o creme e vestir?"

"Ó D. e dizes isso assim baixinho porquê?" - perguntei morto de saber a resposta.

Encolheste os ombros e deitaste-te na cama como quem se esconde de algo.

"Sabes D. o pai terá todo o prazer em dar-te banho, mas a mãe disse que era ela que ia fazer isso, portanto tens de lhe pedir isso, faço-me entender?"

E depois o importante da mensagem,

"Sabes filho, lá porque tu queiras que o pai te dê banho isso não significa que a mãe fique chateada contigo, nem que a mãe ache que tu deixaste de gostar dela, é como nos dias em que me dizes que não queres dormir comigo, tu continuas a gostar de mim, não é? Não é por tu quereres dormir com a mãe que o pai acha que não gostas dele, eu sei que gostas."

Respondeste-me com um sorriso nos lábios e um sim.

"Como vês D. tu quereres que eu te dê banho não significa que a mãe não saiba que tu gostas dela, por isso se falares com ela acho que ela compreende. Vai lá!"

A conversa encheu-te de coragem e dirigiste-te à mãe perguntando-lhe se podia ser eu dar-te o banho, pentear, pôr o creme e vestir..., a mãe respondeu-te que sim e tu ficaste radiante de felicidade.

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