LEALDADES
A mãe já te dera a sentença,
"Tens de tomar banho, vou só escolher a tua roupa e vou-te dar banho!" - ouvi eu a conversa que estavas a ter com a mãe no teu quarto.
Vieste direito a mim e em voz quase sumida balbuciaste:
"Quero que sejas tu..." - ao que respondi como se não te tivesse entendido,
"O quê D.?"
A mãe entretanto chamou-te, impedindo-te de repetir as palavras, e lá foste escolher a roupa com ela.
Entretanto passado um pouco perguntei-te:
"O que querias D.?"
Lá vieste com o mesmo ar de quem tem algo de muito pesado para dizer. Depois, baixei-me para estar ao teu nível e encheste-te de coragem para dizer baixinho, quase ao ouvido
"Pai, quero que sejas tu a dar-me banho, pentear, por o creme e vestir?"
"Ó D. e dizes isso assim baixinho porquê?" - perguntei morto de saber a resposta.
Encolheste os ombros e deitaste-te na cama como quem se esconde de algo.
"Sabes D. o pai terá todo o prazer em dar-te banho, mas a mãe disse que era ela que ia fazer isso, portanto tens de lhe pedir isso, faço-me entender?"
E depois o importante da mensagem,
"Sabes filho, lá porque tu queiras que o pai te dê banho isso não significa que a mãe fique chateada contigo, nem que a mãe ache que tu deixaste de gostar dela, é como nos dias em que me dizes que não queres dormir comigo, tu continuas a gostar de mim, não é? Não é por tu quereres dormir com a mãe que o pai acha que não gostas dele, eu sei que gostas."
Respondeste-me com um sorriso nos lábios e um sim.
"Como vês D. tu quereres que eu te dê banho não significa que a mãe não saiba que tu gostas dela, por isso se falares com ela acho que ela compreende. Vai lá!"
A conversa encheu-te de coragem e dirigiste-te à mãe perguntando-lhe se podia ser eu dar-te o banho, pentear, pôr o creme e vestir..., a mãe respondeu-te que sim e tu ficaste radiante de felicidade.
Sem comentários:
Enviar um comentário