segunda-feira, 31 de março de 2008

Lutar

Um dia em conversa de adultos com a mãe ela disse-me que eu não lutava por ti.

De facto ela tem razão quando diz que não luto por ti, se se quiser referir a evitar ter de lutar com ela para ter espaço numa relação contigo, tem razão de o dizer se para ela lutar significa viver com ela infeliz porque tenho com ela um filho, tu!

Este sábado a mãe mostrava-se angustiada sobre o que te iria dizer sobre a nossa separação. Pensando que falava verdade perguntei-lhe, o porquê da angústia? E a mãe respondeu-me:

"Porque vou dizer-lhe o quê? Que quando temos dificuldades devemos desistir, não vale a pena esforçarmo-nos? Mesmo por um filho?"

Claro que isto não é uma preocupação da mãe, é uma boca ao pai, como muitas que vou ouvindo mas, a bem da minha relação contigo, vou reagindo serenamente como reagi:

"Não S., apenas tens de dizer ao D. que os pais dele deixaram de gostar um do outro, mas que quanto a ele quer o pai quer a mãe continuarão sempre a gostar dele, sempre, para o resto da vida. E, claro, esclarecer que ele não é de forma alguma responsável pela separação dos pais."

E não és, de facto...

A nossa separação aconteceu mesmo antes de tu nasceres, a nossa separação tem raízes anteriores.

Hoje a mãe mantinha-se disponível para insistir nesta relação com mais um filho... como se os filhos trouxessem amor aos casais, como se os filhos não devessem ser o fruto do amor, ou seja a consequência de um amor e não a sua causa.

Hoje procuro, à minha maneira, ter no futuro a minha familia contigo, e para se ter uma familia não precisamos de estar sempre juntos, mas há algo que deve ser considerado um mínimo, mesmo por ti.

"Hoje" a mãe recusou fazer mediação familiar para estabelecer a regulação do poder paternal, recusa que o pediatra seja consultado para que diga se a regulação que acharmos te é adequada, no fundo recusa sempre a intervenção de terceiros, a tal que sempre temeu, a tal que sempre lhe disse que o que ela pensava/sentia era um excesso, a tal que poderia dizer-lhe, por também ser a habilitada, isso não é o interesse superior da criança, não é o interesse superior do D., o teu filho.

A mãe diz-me que, a respeito do teu interesse superior, "não tens noção do que isso é, porque se o tivesses não te ias embora" (sic).

Eu respondi-lhe calmamente que não me ia embora, e que se o fizesse talvez ela agradecesse, mas eu apenas vou deixar de viver com ela, só isso, no mais vou estar cá para quem tenho de estar, para ti, porque eu a ti não te vou abandonar/deixar. Confesso que até por ela estaria se precisasse, mas acho que se a mãe precisar de algo de mim deve correr seca e meca para não ter de me pedir o quer que seja. Como diz a música dos Metallica, SAD BUT TRUE.

Infelizmente neste país, nesta mentalidade, vou ter de abdicar de pernoitar contigo muitas vezes, mas estarei muito longe de te abandonar, muito longe mesmo.

E nesta parte entra o lutar, evitarei a todo o custo ter de lutar por aquilo que considero adequado ao teu interesse mas, se tiver de o fazer farei chamando terceiros à colação, sejam os avós maternos (sim, mesmo esses, porque seguramente perceberão o que se passou e passa) seja recorrendo a instâncias que me desagradariam de todo recorrer.

Mas prometo-te filho, e uma promessa é uma promessa, que se sentir que a coisa não vai a bem lutarei por ti porque eu não serei seguramente ferreiro com espeto de pau.

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