terça-feira, 1 de abril de 2008

Transportar emoções

Hoje os avós paternos rumaram a Cabo Verde onde vão ficar 20 dias. Quem me dera!

Este fim de semana disseste-me que um dia ias se fossem menos dias, mas também poderiam ser muitos dias se "a mãe ou o pai fossem, basta um e já não há problema" (sic).

Hoje a mãe, como trabalha em Lisboa, levou os avós para o aeoroporto e eu e tu ficámos sós.

Ia a rotina matinal a meio, diga-se sem qualquer stress, tudo alto astral, toca o telefone.

Calculei que fosse a mãe. Dito e feito, atendi, "bom dia", "sim está tudo bem com ele, estamos quase despachados", "ok vou passar-lhe o telefone"...

Oiço a conversa que tens com a mãe, perfeitamente normal, muito entretido também com os desenhos animados e de repente, como te é habitual quando não queres falar mais dizes-lhe "tchau!" e dás-me o telefone que trato de desligar.

Mal pouso o telefone... este de novo a tocar. A mãe..., atendo:

"Sim?!?"

"O D. estava a choramingar?"

Assim com ar de parvo "Como?"

"Pareceu-me que o D. estava a choramingar?"

"Ó S. o D. está bem não choramingou nada, não está triste, está bem, quando é que te convences que o puto não fica triste só por não te ver, quando é que te convences que o D. consegue viver bem sem ti? Que não precisa de ti a toda a hora?"

Do outro lado a mãe refilava porque ela dizia ter-te sentido choramingar e que estavas triste.

Malhar em ferro frio de nada serviu, e lá te passei o telefone para que vocês falassem:

"D. estás triste?"

"Não!"

"D. tu quando falaste há pouco com a mãe não choramingaste?"

"Não!"

E, provavelmente mais triste porque tu não estavas triste por sentires falta dela, lá se despediu de ti de novo.

Relembro neste episódio as vezes em que ficavas só comigo e a mãe estava sempre muito preocupada que estivesses muito triste por não a veres... que pena que tenho que ela não possa ser mosca para ver que a tristeza é apenas dela, a choraminguisse é apenas dela, que a dependência é dela, não tua.

Será assim tão dificil aceitar que tu consigas estar com outras pessoas, nem falo comigo, com outras pessoas que não nós sem que isso seja sinónimo de te sentires triste, angustiado, abandonado...

O amor não é dependência, será que a mãe algum dia vai perceber isto? Provavelmente é melhor nem perceber, porque se um dia perceber acho que a ruína dela não será apenas a dos seus ideiais de relacionamento.

1 comentário:

Anónimo disse...

Não me leves a mal, mas eu felizmente não tenho esses problemas.
Mas compreendo o que deves sentir!
Deve ser dificil!
Força!
Sei que és um excelente Pai.
Abraço.Pedro